It´s an injustice, it is, que não me tenham destacado dos quatro turistas que compraram voos Heathrow/Beja - pois todos sabem que sou o único que decidi não voltar. Era o que faltava: chega de nevoeiro (péssimo para o pêlo) de smog (horrível para o olfacto), de rações secas (uma seca!), de café Stardust (bughh!...) e, sorry, My Lovely Queen, mas quem não chega aos luxos reais tem de fazer pela vida.
Fiquei logo rendido assim que saltei do porão: ar seco e quente, nada de fumos - não falo dos cubanos tão apreciados aqui pelo pessoal de terra - cheiro a terra argilosa - uma delícia para um nariz delicado.
Ignoraram-me quando seguiram em correria para Évora - e eu, que até tinha interesse em ver uma casota que eles lá têm com ossos (a única nota digna de interesse que uma rafeira alentejana um dia me confiara sobre essa cidade, durante uma soberba mijadela nas belíssimas pedras da Abadia de Westminster) enrosquei-me com o pessoal de terra, e, como em Roma sê romano, tomei a pose de todos os que têm mesmo de ficar no aeroporto: ou seja, com o nariz no ar a ver passar, de dia e de noite, os mais variados objectos voadores - abetardas (muitas), cegonhas (quantas bastem), gaviões (dois), corujas (três), mosquitos (vários enxames, o que me faz pensar na urgência de arranjar uma coleira repelente).
Depois de três dias enfiado no aeroporto - à espera de nem eu nem ninguém sabia o quê - e com os sonos difíceis por causa da quantidade de luzes brancas, vermelhas e azuis que não param de tremelicar, de dia ou de noite, dei por findo o meu período de adaptação e de quarentena junto dos nativos, e meti-me à vadiagem - coisa que já reparei ser muito prezada por estas terras - não sem antes ter marcado, em sinal óbvio do meu agrado, com uma pujante mijadela, o solo aeronáutico que nestas terras lusas me acolheu.
I like it!
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